segunda-feira, 17 de abril de 2017

Lete

não há/nunca houve nada de mau
há o rumor
desse prédio que oscila
da poeira sobre o aparador
há principalmente o silêncio violento
onde ecoa o que é vivo e range
há uma explosão que testemunho
longe ao norte
dentro do meu peito
há os truques que faço para te atrair
minha versão ampla generosa 
as distâncias calculadas, a sutileza
mas você me convoca furiosa galopante
porque às vezes é disso que se trata
o amor
punhal e lava
dar as costas
dizer: desse corpo aqui você não prova mais
lembrar que nunca houve nada de mau, mas há bifurcação
tempo de dizer adeus
empilhar, dissimular
esquecer 
da luminosa comunhão que nos salvou da noite longa
de como nós dois juntos éramos fagulha
farol
faço do espaço que restou um recuo onde tomo velocidade e caio em cheio
no que é fatal
e te abandono assim como quem mergulhasse de cabeça
em terra recém semeada,
no mar mais abundante  

Um comentário:

  1. Lembro de letras traduzidas pro português, que na nossa língua não rima, mas se faz poema da vida. Amei

    ResponderExcluir